Diretor de ‘O Som ao Redor’, ‘Aquarius’ e ‘Bacurau’, Kleber Mendonça Filho retorna aos cinemas de todo o mundo com sua nova obra ‘Retratos Fantasmas’, em que o diretor explora novos territórios ao se aventurar pelo gênero documental.

Pode-se dizer que todo filme do Kleber é extremamente pessoal, mas esse aqui ganha o prêmio. A carga e o apelo afetivo das informações jogadas na cara do espectador são altíssimas e é exatamente isso que torna o filme tão cativante, excluindo os aspectos técnicos impecáveis, o assunto nos prende muito aos acontecimentos retratados, que vão desde a abertura de cinemas para propaganda nazista até o fechamento dos mesmos para serem utilizados como templos religiosos.

Contrapondo esse aspecto afetivo, há também o nostálgico, mas sabe aquela nostalgia que dói pois sabemos que o mundo nunca será o mesmo de antes? Então, essa mesma. Aquela nostalgia da era de ouro do cinema, dos cinemas de rua lotados toda sexta de noite e do cinema em si, não só como entretenimento, mas também como um local para a criação de laços afetivos.

Acho que foi justamente por isso que significou tanto pra mim ter visto o filme no anexo do Espaço Itaú, na Augusta, um cinema de rua extremamente importante que quase veio à falência nesses últimos tempos, mas conseguiu dar a volta por cima e hoje está sediando diversos eventos importantes, como este. Também consegui ver o diretor (mesmo que por apenas alguns minutos).

Sobre a conclusão final, é claro que o filme não tem um desfecho e nunca terá, o motorista é apenas passageiro assim como nós e tudo que conhecemos e vivemos ao longo da vida. O que nos resta é valorizar essas unidades antes que seja muito tarde.