"O Menino e a Garça”, é o (suposto) último filme do lendário animador japonês Hayao Miyazaki antes de se aposentar, assim como foi em “Vidas ao Vento". Miyazaki sentiu que era necessário voltar de sua aposentadoria para realizar esse último projeto, um sentimento que é claramente notável ao longo do filme.

O longa conta a história de Mahito, um jovem que perdeu sua mãe em um trágico incêndio, se mudando para uma casa rural com seu pai e sua nova madrasta, uma mulher muito parecida com sua finada mãe. Enquanto tenta se ajustar à sua nova vida, ele encontra uma garça-real falante e traiçoeira, que o convence de que pode levar Mahito à sua mãe, assim o levando por uma aventura mágica em outra dimensão.

A partir deste novo mundo fantástico, Miyazaki monta uma bela e profunda história sobre o luto e sua superação. O título original “Como Você Vive?” deixa essa temática ainda mais clara. Diretamente perguntando à audiência como é que se vive juntamente com toda a dor existente no mundo, e ainda assim conseguindo ver a beleza nele.

A terra para onde Mahito leva sua aventura é vibrante e dinâmica, como é de se esperar de um filme de Hayao Miyazaki, dando espaço para essa história emocionante ser contada de uma maneira única e impressionante. Este mundo parece vivo e real, trazendo um deslumbramento que hipnotiza a audiência.

Com “O Menino e a Garça", Miyazaki continua sua fórmula de contar histórias impactantes e profundamente emocionantes, por meio de mundos fantásticos e complexos, nos dando apenas uma ideia superficial de como esses mundos funcionam. Apenas o suficiente para nos cativar e contar as histórias que ele quer contar.

No contexto da aposentadoria de Hayao, este se torna um filme que se encaixa muito bem como um “último filme”. O que ele diz sobre o luto em “O Menino e a Garça" é que está tudo bem superar o luto e seguir em frente, está tudo bem esquecer. Algo que pode facilmente ser lido como um diretor olhando para sua carreira, e decidir seguir em frente.