Pobres Criaturas
dirigido por Yorgos Lanthimos
2024
2024
Texto de Priskila
Pobres Criaturas é um longa-metragem altamente artístico dirigido pelo genial Yorgos Lanthimos, com base no roteiro de Tony McNarama, que por sua vez é uma adaptação do livro homônimo de Alasdair Grey.
Com um elenco composto por nomes conhecidos como Emma Stone, Mark Ruffalo e Willem Dafoe, o filme, que se encaixa nos gêneros comédia, drama, fantasia, romance e ficção científica, acompanha a história de uma espécie de Frankenstein feminina: a protagonista Bella Baxter (Emma Stone), resgatada (e assim nomeada) pelo cientista Godwin Baxter (Willem Dafoe) após cometer suicídio durante sua gravidez. "God", então, a revive, substituindo seu cérebro pelo do filho ainda não nascido, o que faz com que ela passe a ter uma idade mental não condizente com seu corpo. A partir disso, Pobres Criaturas basicamente acompanha o desenvolvimento de Bella quando, após ser prometida em casamento a Max McCandles (um aluno de seu tutor - interpretado por Ramy Youssef), foge com outro homem, o encantador (e meio nojento, honestamente) Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo). Com a benção de God, a jornada de Bella rumo ao autoconhecimento, especialmente no que diz respeito à sua sexualidade, começa.
Pobres Criaturas pode ser considerado um filme que flerta com a pauta feminista e dialoga em alto e bom som com as mulheres, e trata, além de liberação e equilíbrio, sobre pautas sociais e econômicas fortíssimas.
Quanto à poética, a película que se passa na Era Vitoriana dança entre o preto e branco e a explosão de cor, em uma experiência cinematográfica ao mesmo tempo desconcertante e agradável aos olhos. Os figurinos, especialmente as roupas de Bella, são quase caricatos, o que reforça a atmosfera quase onírica da obra e compõe perfeitamente com o cenário, deixando um gancho para uma nova pauta: a direção de arte.
Acompanhada e exaltada por uma fotografia minuciosa, a direção de arte (composta por uma equipe de 10 pessoas) é, na minha opinião, o que faz Pobres Criaturas ser merecedor de todos os elogios e adoração que anda recebendo. Tudo chama a atenção, jogando o espectador em um exercício natural e fluido de percepção; nada parece estar posicionado por acaso, assim como cada cena durante as 2h21min de filme é estritamente necessária à sua própria maneira (inclusive as muitas cenas de sexo. Tipo, muitas mesmo).
Em geral, Pobres Criaturas é, como diz a linguagem popular, um filme que “aluga um triplex na sua cabeça” e tem potencial para, facilmente, tornar-se uma obsessão.
Publicado em 01 de março de 2024