O Auto da Compadecida 2
dirigido por Guel Arraes e Flávia Lacerda
2025
2025
Texto de Agatha Fernandes
Em uma era repleta de continuações, remakes e releituras de filmes clássicos em Hollywood, é evidente que o cinema brasileiro não sairia impune desta onda. ‘Ó Pai Ó’, ‘Estômago’, entre outros estão ganhando este tratamento, não é surpreendente que ‘O Auto da Compadecida’ não fique de fora.
A sequência abre em Chicó narrando o clímax do primeiro filme - o encontro de João Grilo com Nossa Senhora - para um grupo de turistas na igreja de Taperoá. Logo após essa cena, João Grilo reaparece e prontamente atira a dupla para mais enrascadas. João Grilo tira proveito da eleição municipal para ganhar dinheiro, enquanto Chicó - deixado por Rosinha - tem um caso com mais uma filha de coronel.
Seria mais preciso chamar ‘O Auto da Compadecida 2’ de uma releitura moderna do clássico do que uma sequência propriamente dita. Embora dê continuidade à história dos sertanejos interpretados por Mello e Natchergaele, o filme majoritariamente retraça os passos do original: seguindo as malandragens de João Grilo, enquanto Chicó se mete em enrascadas atrás de amor. Tecnicamente falando, é a mesma história contada duas vezes.
É nítida a diferença de 24 anos e o aumento em 15 vezes do orçamento nesta continuação. A iluminação é mais cinematográfica, as imagens mais extravagantes, com uso liberal de CGI para construir Taperoá, de forma não fotorrealista, mas dotada de um artifício que remete ao teatro.
Embora essa modernização formal do filme, ainda é difícil achar algo que confirme a pergunta "é mesmo necessário uma continuação?".
Quem busca ‘O Auto da Compadecida’ de novo - mas com um visual mais moderno - é capaz que se sinta satisfeito com o filme. Mas quem busca algo novo, está sem sorte.
Publicado em 09 de janeiro de 2025