Após um hiato de 14 anos desde o último filme, "Premonição" ganhou seu primeiro revival, uma etapa importantíssima na vida de qualquer grande franquia de terror; sendo também uma das primeiras franquias nascidas no século XXI a receber tal tratamento, tomando o segundo lugar após "Jogos Mortais”. E mesmo que ainda não haja nenhum plano concreto para um sétimo filme da franquia, "Laços de Sangue" definitivamente conseguiu revitalizar essa franquia que há muito já era considerada morta.

Desde o primeiro filme, "Premonição" funcionava através de uma fórmula bem simples: um grupo de pessoas entrava em uma situação onde alguma coisa “dar errado” poderia ser fatal (um avião, uma montanha-russa, uma ponte suspensa, etc). Algo dá errado, todos morrem, e o filme revela que tudo aquilo foi uma premonição do futuro. O grupo então escapa da morte, mas A Morte volta para buscar um por um, já que eles não deveriam estar vivos.

Embora "Laços de Sangue" comece com essa mesma fórmula, é possível perceber que algo está diferente dessa vez, já que a cena inicial parece se passar nos anos 50. O truque na manga dessa vez, é que a premonição já aconteceu muito tempo antes do filme começar, e a vítima não foi a protagonista, mas sim sua avó. A avó conseguiu evitar A Morte por bastante tempo, e até mesmo criou uma família; mas agora Ela está chegando mais perto, e já que seus filhos e netos vieram de alguém que deveria estar morto, sua família inteira está na lista.

O que ocorre a partir de então são as clássicas máquinas de Rube Goldberg d’A Morte. Todas as mortes de "Laços de Sangue" são imensamente criativas, e os preâmbulos para o desastre conseguem instigar uma ansiedade e agonia insuportáveis; todas comparáveis aos melhores momentos da franquia inteira.

Visualmente, o filme também se atualiza, adorando uma estética distintivamente anos 2020. Com grande uso de sombras, altos contrastes e iluminação atmosférica. Se equiparando esteticamente com filmes de terror recentes como "Hereditário" e "Sorria". O filme marca também o maior uso de CGI que a franquia já viu, usando juntamente com efeitos práticos para maximizar a repulsão na audiência. No entanto, por mais que ele consiga causar esse asco, os efeitos visuais em si acabam sendo artificiais demais, com um visual lustroso que traz um estranhamento.

Sendo um revival de uma franquia em plena década de 2020, "Laços de Sangue" tem diversos elementos do que é chamado de “legacy sequel”. Uma sequência que busca não só dar continuidade a uma história, mas também se preocupa em fazer homenagem àquilo que veio antes.

A maior dessas homenagens é, com certeza a para Tony Todd, que faleceu em 2024. Não apenas uma lenda do cinema de horror com filmes como "Candyman", "O Corvo" e "Pesadelo no Pântano", ele também é um ícone da franquia "Premonição", aparecendo em quase todos os filmes desde o primeiro. Em seu último papel em vida, Todd entrega uma cena tocante onde ele fala diretamente com o público, que, por um momento, transforma toda a franquia em uma celebração à vida, em meio aos perigos que existem no dia a dia.

"Premonição: Laços de Sangue" é um retorno triunfal de uma das maiores franquias dos anos 2000, dando uma nova vida a esse espetáculo mórbido.