CRÍTICAS
Publicadas em 2023
A gravidez de Melanie e Marcela foi uma das coisas mais lindas e necessárias que já assisti. A maneira com que as mães lidam com os obstáculos e a forma com que o amor prova-se forte em todos os momentos, faz com que tudo fique mais leve, mesmo sabendo de todas as dificuldades durante uma gravidez, mais ainda quando se trata de uma gravidez de duas mulheres enfrentando a sociedade heteronormativa (...)
‘A Besta’ é uma história sobre ansiedade, sobre um pavor constante de que algo terrível está a caminho, sobre o medo de se apaixonar e as diversas maneiras que isso pode afetar alguém. É um filme muito desafiador neste aspecto, fazendo a audiência olhar internamente e confrontar os piores aspectos da natureza humana; mas ele também afirma que este medo é o que fundamentalmente nos faz humanos.
‘Bottoms’ acompanha as melhores amigas PJ (Rachel Sennott) e Josie (Ayo Edebiri), uma dupla de lésbicas sexualmente frustradas que, em uma tentativa de atrair atenção das líderes de torcida, começam um clube da luta dentro de sua escola. Conforme o clube vai ganhando popularidade, o time de futebol americano da escola ameaça sabotá-las.
O filme não perde uma única oportunidade de ridicularizar o fascismo como ideologia, aqueles que se privilegiam de sua existência, e também aqueles que flertam com ele com a desculpa de querer “lutar contra ele de dentro”. No entanto, seus diálogos densos e ritmo lento acabam atrapalhando a efetividade de sua sátira, fazendo com que o longa se arraste, moribundo, através de sua metragem.
A direção de arte não tem medo de brincar com fogo, sendo este um elemento constantemente presente no cenário: as fogueiras, as velas, o show pirotécnico no baile de máscaras… Um jogo de vermelhos e turquesas é jogado o tempo todo. Também nota-se constantemente o uso da Regra dos Terços para o posicionamento da câmera, fazendo com que o espectador foque seu olhar exatamente no que a produção deseja. A simetria não falha um momento sequer.
Pode-se dizer que todo filme do Kleber é extremamente pessoal, mas esse aqui ganha o prêmio. A carga e o apelo afetivo das informações jogadas na cara do espectador são altíssimas e é exatamente isso que torna o filme tão cativante, excluindo os aspectos técnicos impecáveis, o assunto nos prende muito aos acontecimentos retratados, que vão desde a abertura de cinemas para propaganda nazista até o fechamento dos mesmos para serem utilizados como templos religiosos.
‘Fale Comigo’ é o mais puro horror em formato cinematográfico. Desde o momento em que somos apresentados à misteriosa mão embalsamada – cuja origem e exata natureza é mantida um enigma – e aos espíritos com os quais ela permite contato, o filme jamais perde força. Fantasmas estão sempre logo fora de vista, nos cantos escuros das salas. O pavor é constante.
Besouro Azul é sobre Jaime Reyes, um personagem que encontrou um escaravelho que se une ao seu corpo para criar uma armadura para o mal. O único problema é que o escaravelho tem personalidade própria, o que gera conflitos entre Jaime e Khaji Da (o escaravelho). Essa versão acabou por se tornar bem popular entre os jovens, tanto que aparece na segunda temporada da série Young Justice. O porquê de eu estar falando de tudo isso é muito simples: precisamos entender o contexto da obra para compreender o que estamos analisando.
‘Asteroid City’ é uma história sobre diversas coisas: luto, o horror existencial de descobrir que não estamos sozinhos no universo, quarentena, o processo criativo; todos esses temas constantemente dialogando entre si. Um filme repleto de personagens melancólicas, cheias de culpa e agonia; de crianças ignorantes da escala daquilo que está acontecendo no mundo ao redor delas, e de adolescentes em algum lugar no meio disso.
O filme, apesar de ter uma coragem em seus primeiros minutos, a deixa de lado conforme avança, sacrificando o enredo para se encaixar em um modelo mais padrão da típica jornada do herói. Dificilmente algo com o selo Bird Box irá ser um fracasso em questão de audiência, algo que se provou lucrativo, será sempre uma aposta segura. O fato de usarem a fórmula do primeiro filme só evidencia a intenção de expandir esse universo para outros lugares do mundo.
‘Barbie’ conta uma história feminista altamente existencial e emocional. A jornada de Barbie (o ideal da mulher empoderada) descobrindo a existência do patriarcado, machismo, e as dores de ser uma mulher no mundo real; descobrindo que ela não é simplesmente um símbolo de empoderamento feminino, mas também de padrões de beleza irrealistas, obrigando Barbie a refletir qual o seu propósito no mundo.
Se Frankenstein foi o Prometeu Moderno, então Oppenheimer foi o Frankenstein Contemporâneo: um cientista genial, obcecado pela conquista do impossível (no caso deste, o entendimento do paradóxico mundo quântico); no entanto, perdido demais em seu próprio ego para compreender as terríveis consequências que suas invenções trariam.